Na sua primeira defesa formal apresentada no caso do golpe de estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro listou quem ele pretende que sejam as suas testemunhas. A maioria dos treze nomes da lista é composta por aliados: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira e o ex-vice-presidente, general Hamilton Mourão, além de ex-membros do seu governo, como o general Eduardo Pazuello, que foi ministro da Saúde, e o senador Rogério Marinho, ex-ministro do Desenvolvimento Regional.
A relação de Bolsonaro com Tarcísio teve algumas rusgas recentes por conta de uma declaração do governador, a aliados, de que ele aceitaria disputar a Presidência em 2026 caso fosse o desejo do ex-presidente. Inelegível e com altas chances de ser condenado no STF, Bolsonaro ainda é a aposta principal da direita, mas há movimentações nos bastidores entre os candidatos ao seu espólio. O nome de Tarcísio é um dos mais viáveis, pelos bons índices de aprovação que ele tem à frente do governo paulista.
Além dos aliados, a defesa do ex-presidente também arrolou como testemunha o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército que, de acordo com a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR), foi justamente quem disse não aos pedidos do grupo golpista para os militares aderirem à conspiração golpista. A falta de adesão do Exército, na época chefiado por Freire Gomes, é o que teria desmotivado Bolsonaro a assinar o decreto de golpe, pelo risco de que, sem essa Força Armada, a movimentação não sairia do papel.
As testemunhas indicadas por Bolsonaro nessa defesa prévia serão ouvidas só na fase de produção de provas, que ainda pode levar meses para chegar. Até lá, elas podem ser substituídas por outros nomes. O próximo passo do caso deve ser a análise do Supremo sobre a denúncia. Se ela for aceita, Bolsonaro se sentará oficialmente no banco dos réus.