Banhos gelados têm ganhado popularidade, tanto entre praticantes de exercícios físicos, quanto entre pessoas que querem aprimorar a saúde, mas será que o frio é realmente benéfico? O que as pesquisas mais recentes apontam é que pode haver um benefício, mas ainda não há evidências robustas que apontem para um grande efeito na longevidade.
Um dos estudos mais recentes foi publicado em novembro de 2024, no periódico científico Advanced Biology. Nele, dez homens saudáveis ficaram um hora por dia, ao longo de sete dias, imersos em uma banheira cuja temperatura da água variava de 13 a 15 graus célsius. “Ficamos surpresos ao ver a rapidez com que o corpo se adaptou”, disse Glen Kenny, autor do estudo, em entrevista ao Science Alert.
O que os pesquisadores observaram foi que, ao final do experimento, os participantes estavam com níveis reduzidos de inflamação e morte celular, mas níveis aumentados de autofagia, um processo que elimina células disfuncionais. Além disso, os cientistas observaram que os indivíduos adquiriam uma maior tolerância ao frio.
Existem, no entanto, alguns problemas. Além do baixo número de participantes e da pesquisa só incluir homens, os indivíduos foram submetidos a baixas temperaturas por um tempo muito superior a um banho convencional e foram avaliados por um prazo muito curto. Ademais, os pesquisadores só avaliaram os efeitos a nível celular e molecular. Portanto, é impossível constatar se os mesmos resultados são aplicáveis para mulheres, se os efeitos permanecem após uma semana, se eles tem consequências práticas na saúde e quais os resultados em pessoas com doenças subjacentes.
O que dizem outros estudos?
Uma revisão publicada em janeiro de 2025 na revista científica PLoS One também avaliou os efeitos do banho frio na saúde e no bem-estar. O compilado reuniu 11 pesquisas diferentes, somando mais de 3 mil indivíduos avaliados.
Essa investigação reuniu estudos que avaliavam tempos menores de exposição ao frio, que variavam de 30 segundos a duas horas. O que observaram foi que houve uma redução de estresse ao longo das 12 horas que se seguiram ao banho, mas que desaparecia após esse tempo. Os usuários que tomavam banho frio também relataram ter melhor sono, melhor qualidade de vida e menos faltas ao trabalho por motivo de doença.
O estudo constatou, contudo, que não houve melhora do humor nem variações na resposta imunológica, exceto por um aumento temporário na resposta inflamatória. Além disso, após três meses de exposição ao banho frio, a maior parte dos benefícios desaparecia – como se o corpo tivesse entendido o banho frio como o “novo normal.”
Embora possa haver benefícios para atletas, mais prováveis de se beneficiar de pequenas alterações moleculares que a população em geral, um estudo de 2017, publicado na The Journal of Physiology mostra que a estratégia não é mais benéfica do que outras técnicas de recuperação muscular.