O Federal Reserve (banco central americano, Fed) optou, como esperado, por manter a taxa de juros inalterada na sua primeira reunião de 2025, sustentando a faixa entre 4,25% e 4,5% ao ano. Essa decisão era antecipada por 99,5% dos investidores, conforme indicava a ferramenta FedWatch da CME Group. No entanto, embora a manutenção dos juros tenha sido previsível, o contexto que se desenha é significativamente mais incerto com a recente posse de Donald Trump para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos.
Trump, que já criticou o Fed por manter os juros elevados, pressionou por uma redução mais agressiva das taxas de juros. “Vou exigir que as taxas de juros caiam imediatamente. E, da mesma forma, elas deveriam estar caindo em todo o mundo”, declarou ele no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
A reunião desta semana marca a primeira oportunidade de ver como o Fed vai lidar com a pressão política direta vinda da Casa Branca. As atenções estarão voltadas para a coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, que ocorrerá às 15h30, na qual ele poderá esclarecer o rumo que o banco pretende seguir em 2025. Na última reunião, a autoridade monetária sinalizou que haveria espaço para mais dois cortes nos próximos 12 meses, mas as políticas e declarações de Trump podem alterar essa previsão.
O presidente republicano já deixou claro seu desejo de intensificar a guerra comercial. Essas medidas provavelmente aumentarão os custos de insumos importados, pressionando os preços domésticos. Esse cenário poderá forçar o Fed a reconsiderar sua estratégia de afrouxamento monetário, já que a política de Trump pode criar novas pressões inflacionárias que contrariam o objetivo de estabilizar a economia. Em 2024, a inflação americana encerrou o ano em 2,9%, acima da meta oficial de 2%. Apesar de uma desaceleração em relação aos picos observados no pós-pandemia, a queda dos preços ocorre em ritmo mais lento do que o esperado. Esse cenário é agravado pela robustez do mercado de trabalho, que segue aquecido, com uma taxa de desemprego de 4,1%.
Investidores, portanto, estarão atentos não apenas às palavras de Powell, mas às próximas ações de Trump no cenário global. Se as tarifas forem ampliadas e as tensões comerciais aumentarem, o Fed poderá ser forçado a adotar uma postura mais agressiva no controle da inflação, contrariando a narrativa política do governo.