Oliver Paget, referência na perfumaria francesa, se uniu ao time da Natura ao lado de Veronica Kato, perfumista exclusiva da marca, para trazer novas nuances de fragrâncias. Formado na escola de perfumaria ISIPCA, em Versalhes, Oliver vive no Brasil há duas décadas – sendo responsável por perfumes como Ekos Andiroba, Ekos Ucuuba, e Tododia Alecrim e Sálvia, queridinhos da marca. Em entrevista à coluna GENTE, Oliver conta sobre as referências para criar os produtos. Ele cultiva um jardim em sua casa para se aproximar dos gostos pessoais dos brasileiros – que “usam os perfumes quase como uniforme”.
O que é preciso ter em mente para criar um perfume perfeito? É como cuidar de um jardim. Você precisa ter paciência, entender como cada ingrediente se comporta e saber equilibrar os elementos para que tudo floresça da melhor forma. No meu jardim, gosto de observar como os cheiros se misturam naturalmente, o aroma da terra depois da chuva, o frescor das ervas que cultivo… Tudo isso me inspira a criar fragrâncias que fazem sentido no dia a dia das pessoas. O perfume perfeito não é apenas combinação de ingredientes, mas uma experiência sensorial bem construída. Ele precisa ter identidade, evolução e ser prazeroso de usar.
Os perfumes masculinos precisam ser criados por um perfumista homem? De forma alguma. O que importa é a sensibilidade e a experiência de quem está por trás da criação. Um perfumista precisa entender o que aquela fragrância quer transmitir e para quem ela foi pensada, independentemente de seu gênero. Eu mesmo já criei perfumes femininos e adoro essa liberdade que a perfumaria oferece. No fim das contas, a criatividade e o olhar técnico são o que fazem a diferença, não o gênero do criador.
Qual é a essência principal para perfumes masculinos? Diria que é a autenticidade. As notas amadeiradas e especiadas costumam estar mais presentes, mas o segredo está no equilíbrio: um toque fresco aqui, um acorde mais quente ali. Quando desenvolvo um perfume, penso mais na emoção que ele precisa transmitir do que no gênero de quem vai usá-lo. Algumas fragrâncias precisam ser leves e revigorantes, outras mais intensas e sofisticadas – tudo depende do contexto e do que a pessoa busca ao escolher aquele perfume.
O que no Brasil te inspira para criar perfumes? O Brasil me inspira de várias formas, mas uma das minhas maiores fontes de inspiração está bem perto de mim: meu próprio jardim. Criei um espaço onde cultivo ervas, flores e frutas, e esse contato diário com a natureza me ajuda a pensar em novas combinações olfativas. O Brasil tem riqueza natural impressionante: desde os ingredientes nativos da Amazônia até frutas tropicais em qualquer feira de rua. Mas o que mais me fascina aqui é a relação que os brasileiros têm com a perfumaria. Diferentemente de outros lugares do mundo, onde o perfume é reservado para ocasiões especiais, no Brasil é parte do dia a dia, como um ritual. Esse jeito de viver a perfumaria me inspira a criar fragrâncias que sejam frescas, acolhedoras e que trazem sensação de bem-estar que os brasileiros tanto valorizam.