A polícia de Nova York identificou nesta segunda-feira, 9, Luigi Mangione, 26 anos, como o principal suspeito do assassinato de Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare, ocorrido há cinco dias em plena Manhattan. Ele foi preso nesta manhã em uma unidade do McDonald’s no estado da Pensilvânia, após ser reconhecido por um funcionário.
Com ele, a polícia encontrou uma arma com silenciador, diversas identidades falsas e um documento repleto de críticas à indústria de saúde. A UnitedHeathcare é uma das maiores operadoras de seguros-saúde dos Estados Unidos.
Premeditado
O crime, descrito pelas autoridades como “descarado e seletivo”, foi cuidadosamente premeditado, segundo as investigações. Mangione teria aguardado pela vítima do lado de fora de um hotel, onde Thompson havia participado de uma conferência. O CEO foi atingido pelas costas, no meio da rua, enquanto deixava o local.
Após o ataque, Mangione fugiu de bicicleta elétrica até o Central Park, onde abandonou uma mochila contendo itens incomuns: uma jaqueta de grife e dinheiro de mentira, do jogo Banco Imobiliário. Em seguida, ele teria embarcado em um ônibus interestadual, escapando de Nova York sem ser identificado.
A detenção ocorreu após uma denúncia anônima feita por um funcionário do McDonald’s, que reconheceu Mangione pelas imagens divulgadas pelas autoridades. Jessica Tisch, comissária de polícia de Nova York, confirmou que ele é “o forte suspeito” no caso.
Quem é Mangione
Nascido em Maryland e com último endereço registrado no Havaí, Mangione não possui antecedentes criminais em Nova York. Contudo, o documento encontrado em sua posse – uma espécie de manifesto – critica duramente o setor de saúde, sugerindo uma motivação ideológica para o crime.
Em suas palavras, o setor de saúde é descrito como um “sistema corrupto que prospera com a dor dos mais vulneráveis”. Essa narrativa se conecta ao título de um livro crítico publicado em 2010, Delay, Deny, Defend (“Atrasar, Negar, Defender”, em tradução livre), uma referência encontrada nos cartuchos de bala recuperados na cena do crime.
“Esse manifesto reflete um discurso alinhado com críticas históricas à indústria de seguros, especialmente práticas que prejudicam o acesso à saúde”, afirmou Joseph Kenny, chefe de detetives da polícia de Nova York. A UnitedHealthcare, liderada por Thompson, é uma das maiores seguradoras dos Estados Unidos e frequentemente alvo de controvérsias ligadas ao modelo americano, que não conta com sistema público e raramente trabalha com coberturas completas.