A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro reagiu de forma irônica nas redes sociais à menção ao seu nome no depoimento prestado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, no seu acordo de colaboração premiada. A íntegra do que foi dito, divulgada pela imprensa no último domingo, 26, mostrava a esposa do ex-presidente como membro de um grupo mais radical, que queria um golpe de estado.
No começo do dia, Michelle publicou, na sua conta do Instagram, o print de uma notícia com um avatar de si mesma “chorando de rir”. Um dos filhos de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também faria, segundo a delação, parte desse grupo. O parlamentar buscou também minimizar o episódio, dizendo nas redes sociais que Cid já mudou o depoimento várias vezes.
Mais tarde, ainda na segunda-feira, 27, a ex-primeira-dama voltou a tocar no assunto. “Neste vídeo de 2023, ensino como dar os únicos ‘golpes’ que conheço. O governo das trevas segue com sua velha e falida estratégia de cortina de fumaça. Só cai quem quer!”, escreveu novamente em seu Instagram. Logo depois, ela publicou vídeos de reuniões do PL Mulher — que é presidido pela ex-primeira-dama — exortando correligionárias.
O trecho da delação de Mauro Cid divulgado no último domingo, 26, pelo jornal Folha de S. Paulo, é do depoimento que ele prestou à Polícia Federal em agosto de 2023. Na ocasião, ele disse que havia um grupo de aliados mais radicais, que advogavam a favor de um golpe para manter Jair Bolsonaro no poder. Além de Eduardo e Michelle, fariam parte dessa cúpula o ex-assessor Filipe Martins, o general Mário Fernandes e alguns senadores.
A investigação não encontrou mais provas contra Michelle — por isso, ela não está entre os indiciados do relatório final do inquérito do golpe. A delação é considerada um meio para obtenção de provas, por isso, tudo que o delator disser precisa ser confirmado por outros caminhos para poder ser usado para incriminar alguém.