Não foi fácil se equilibrar na ponte aérea Brasília-Rio para encarar o desafio de compor a comissão de frente da Paraíso do Tuiuti, mas Erika Hilton (PSOL–SP), 32 anos, topou diante da bandeira embutida na missão. Primeira deputada federal trans do país, ela deu vida na avenida a Xica Manicongo, pioneiríssima no século XVI ao vir da África escravizada e depois ser reconhecida como travesti. A maratona envolveu uma dezena de idas à escola, em que ensaiava de madrugada, além de cuidados com a alimentação e um reforço na musculação. “Tive que caprichar no preparo físico, com treinos para ter mais fôlego e conseguir lidar com calor, tensão e adrenalina”, conta a parlamentar, que diz ter aproveitado cada minuto para dar visibilidade ao que vê como um salto histórico. “Levar este enredo a uma festa dessas é um grito de liberdade”, festejou, exaurida.
Com reportagem de Duda Monteiro de Barros, Giovanna Fraguito, Lucas Mathias, Ludmilla de Lima, Mafê Firpo e Nara Boechat
Publicado em VEJA de 7 de março de 2025, edição nº 2934