O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 24, que o cenário inflacionário para pode surpreender positivamente neste ano, contrariando projeções do mercado que indicam o estouro do teto da meta. A estimativa do Boletim Focus, que traz a mediana das estimativas dos economistas e agentes do mercado financeiro desta semana é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a referência para a inflação, encerre 2025 a 5,65%. O centro da meta de inflação para 2025 é de 3% , com margem de tolerância até 4,5%.
Segundo o ministro, que participou de evento do jornal Valor Econômico, fatores como a safra, o comportamento do câmbio e a geopolítica podem jogar a favor do Brasil. “Eu acredito que nós podemos nos surpreender positivamente com a inflação já desse ano. Em virtude de safra, em virtude do comportamento do câmbio, até em virtude do que a geopolítica está nos reservando, que eu penso que pode ser o oposto do que está sendo projetado”, disse Haddad.
O ministro citou a postura do Federal Reserve no ano passado como um dos elementos que desorganizaram as previsões econômicas globais. Segundo ele, havia uma expectativa de corte de juros nos Estados Unidos a partir de março ou, no máximo, junho, com uma redução acumulada de 150 pontos-base. No entanto, o Fed cortou apenas 50 pontos e ainda sinalizou a possibilidade de novas altas.
“Então isso deu uma desorganizada geral. Todo mundo estava com um planejamento, imaginando uma coisa, e veio outra”, afirmou. O dólar, segundo ele, se fortaleceu no mundo inteiro, impactando ainda mais o Brasil. No entanto, Haddad vê uma reversão desse movimento. “Agora no Brasil, esse ano, começa a acomodar num patamar mais ou menos condizente com os nossos pares. Acho que ainda está um pouquinho fora, mas mais ou menos condizente.”
Apesar dos desafios do cenário externo, Haddad demonstrou otimismo em relação ao impacto sobre a economia brasileira. “Não acredito que essa má surpresa que nós tivemos no ano passado vai se repetir esse ano para o Brasil. Pode ser que nós tenhamos outros tipos de problemas, mas eu acredito que esse nós não teremos.” Segundo Haddad, tudo isso pode a reduzir a inflação e ajudar o trabalho de condução da política monetária do Banco Central
O ministro evitou antecipar expectativas, mas sugeriu que o país pode ter mais flexibilidade do que o previsto. “O que eu entendo é que hoje nós teríamos alguma razão para o otimismo ainda esse ano. Não sei o que vai ser possível em termos de margem de manobra, grau de liberdade, não posso antecipar. Mas acredito que nós vamos ter uma margem de manobra um pouquinho maior do que está sendo previsto.”