O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, e sua esposa Usha devem pousar na Groenlândia nesta sexta-feira, 28, para uma visita não solicitada em meio a crescentes ameaças do presidente Donald Trump sobre tornar a ilha no Ártico, um território semiautônomo dinamarquês, parte de seu país “de um jeito ou de outro”. A viagem, porém, foi drasticamente reduzida diante da disputa diplomática internacional criada com os planos.
A visita a Pituffik, uma remota base militar americana no noroeste da Groenlândia, será observada de perto pelos líderes de Nuuk e Copenhague, que expressaram sua oposição à viagem.
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Antes da chegada dos Vance, Trump disse que os Estados Unidos “irão até onde for preciso” para ganhar o controle da ilha, que ele alegou ser “necessária” para a segurança nacional e internacional.
Visita não solicitada
Copenhague demonstrou apreensão. Na quinta-feira 27, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, respondeu aos comentários de Trump, dizendo: “A Groenlândia faz parte do reino dinamarquês. Isso não vai mudar.”
“Nós, no reino, realmente gostaríamos de trabalhar juntos com os americanos em defesa e segurança. Queremos isso na Ucrânia, queremos isso na Europa e, claro, também queremos isso quando se trata do extremo norte. Mas a Groenlândia pertence aos groenlandeses”, reiterou
Enquanto isso, Lars Lokke Rasmussen, ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, disse que Vance não seria recebido por políticos dinamarqueses em Pituffik.
“Isto é sobre um vice-presidente americano que vai visitar sua própria instalação militar na Groenlândia. Não tem nada a ver conosco”, disse ele.
Já o ministro da Defesa da Dinamarca, Troels Lund Poulsen, qualificou as declarações de Trump como “exageradas” e “uma ameaça oculta”.
“Não é justo que o presidente americano use essa retórica”, disse ele à emissora dinamarquesa TV2. “Você está indo longe demais tanto em termos de interferir nos assuntos internos da Groenlândia quanto na falta de respeito pelo fato de que é o povo da Groenlândia que determina o futuro da Groenlândia”.
Planos alterados
A visita de Vance acontece enquanto os partidos políticos na Groenlândia estão prestes a assinar um acordo de coalizão nesta sexta-feira, em uma demonstração de unidade após as eleições no início deste mês. A mídia groenlandesa relatou que quatro dos cinco partidos no parlamento — todos, exceto Naleraq — entrarão em uma coalizão liderada por Jens Frederik Nielsen, do Demokraatik, que ficou em primeiro lugar no pleito com 30% dos votos.
A delegação, originalmente liderada pela segunda-dama, Usha Vance, inicialmente visitaria a capital Nuuk e a cidade de Sisimiut, para uma tradicional corrida de trenós puxados por cães. Carros à prova de balas já haviam sido posicionados em Nuuk para recebê-la. Mas após comentários incisivos de Mute Egede, o atual primeiro-ministro da Groenlândia, e de Frederiksen, a Casa Branca mudou o itinerário para uma única parada em Pituffik.
Ao anunciar que se juntaria à esposa na Groenlândia, o vice-presidente disse em um vídeo: “Falando pelo presidente Trump, queremos revigorar a segurança do povo da Groenlândia porque achamos importante proteger a segurança do mundo inteiro”.
A Casa Branca compartilhou poucos detalhes do que está na agenda, mas espera-se que seja uma visita “tradicional” de instalações militares.