Infelizmente, ainda não existem maneiras de reverter os fios brancos que surgem naturalmente com o envelhecimento – só tingindo mesmo. Mas é possível minimizar esse processo e agir de forma preventiva. Um dos segredos pode estar na dieta, mais especificamente numa substância encontrada em alimentos como cenoura, pimentão e brócolis: a luteolina.
Um estudo recente publicado no periódico Antioxidants mostrou que a luteolina pode ter efeito protetor contra o embranquecimento dos fios em experimentos com modelos animais.
Trata-se de um flavonoide com propriedades antioxidantes, ou seja, capaz de combater os radicais livres, moléculas altamente reativas que são formadas em excesso devido, por exemplo, aos maus hábitos, provocando o envelhecimento acelerado de todo o organismo.
No estudo, os pesquisadores testaram três antioxidantes (luteolina, hesperitina e diosmetina) em camundongos geneticamente modificados para ficarem grisalhos da mesma maneira que os humanos.
Esse embranquecimento dos fios ocorre pela diminuição ou perda da atividade dos melanócitos, células produtoras de melanina, que é o pigmento que confere cor à pele e aos cabelos.
Sabemos que antioxidantes como esses podem ter um efeito protetor contra o embranquecimento dos fios. Mas o que surpreendeu os pesquisadores foi que a diosmetina e a hesperitina não foram capazes de impedir o surgimento de fios brancos, enquanto os camundongos que receberam luteolina, interna ou externamente, mantiveram os pelos pretos. Isso pode indicar que esse composto tem propriedades específicas capazes de retardar ou evitar os fios brancos.
Talvez o efeito da luteolina esteja ligado à sua ação de preservação da expressão e dos receptores das endotelinas, que desempenham um papel crucial na comunicação celular. O papel dessas proteínas na pigmentação capilar ainda não está totalmente elucidado, mas sabe-se que elas estimulam a proliferação e diferenciação dos melanócitos. Então, a luteolina, ao preservar a atividade das endotelinas, pode ajudar a manter a pigmentação dos fios.
Mais pesquisas ainda são necessárias, inclusive em gente como a gente, mas as similaridades no processo de embranquecimento entre os camundongos do estudo e os humanos tornam os resultados promissores. No futuro, com mais estudos, a luteolina pode se tornar um ingrediente-chave para prevenir o envelhecimento dos fios e, quem sabe, até do organismo como um todo.
Até lá, é possível adotar alguns cuidados para desacelerar o embranquecimento dos cabelos, como evitar o tabagismo, que figura entre os principais causadores do aparecimento precoce dos fios brancos. O estresse emocional também deve ser gerenciado.
Vale ressaltar que, quando os fios grisalhos surgem precocemente devido a problemas como deficiências nutricionais ou doenças, é possível revertê-los. Mas, quando surgem naturalmente devido ao envelhecimento, não há maneiras de retroceder esse processo.
Hoje até existem pesquisas que investigam substâncias como enzimas antioxidantes, fatores de crescimento e compostos bioativos que possam modular a atividade dos melanócitos e combater os fios brancos. Mas nada com comprovação científica que justifique seu uso apenas para esse fim. Por enquanto, o único jeito é recorrer às tradicionais tinturas e tonalizantes.
* Lilian Brasileiro é dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)