Israelenses se reuniram do lado de fora do prédio do Parlamento em Jerusalém nesta quarta-feira, 19, para protestar contra a retomada da ofensiva em Gaza, que violou o cessar-fogo de dois meses com o grupo terrorista palestino Hamas.
Os manifestantes criticaram as medidas do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que, segundo eles, minam a democracia do país, e pediram um novo acordo de trégua para trazer os cerca de 59 reféns ainda em posse do Hamas de volta para casa.
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Os protestos também tomaram conta da Rodovia 1 – a principal estrada que conecta Tel Aviv e Jerusalém –, onde alguns manifestantes seguravam uma faixa com os dizeres: “O futuro da coalizão ou o futuro de Israel”. A frase faz alusão às acusações de que Netanyahu tenha priorizado a saúde da aliança com partidos ultrarreligiosos de extrema direita (que sempre foram contra o cessar-fogo), para manter-se no poder, em detrimento da segurança do país e das vidas de reféns israelenses e civis palestinos em Gaza durante a guerra.
O líder da oposição, Yair Lapid, que participou da manifestação de quarta-feira, afirmou que o movimento tem como objetivo “garantir que o governo entenda que não pode fazer o que quiser”. Segundo ele, os manifestantes estão “tentando dizer às pessoas do mundo que Israel não ficará em silêncio quando eles estiverem tirando nossa democracia”.
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Retomada dos ataques
Os protestos ocorrem um dia após Israel retomar a ofensiva contra o enclave palestino, destruído pelo conflito de um ano e cinco meses. Na terça-feira, ao menos 404 pessoas foram mortas, muitas delas crianças, e 562 pessoas ficaram feridas em ataques aéreos israelenses, de acordo com o Ministério de Saúde palestino, que não faz distinção entre civis e combatentes.
Netanyahu afirmou na terça-feira que os intensos bombardeios ao território palestino, que violam o cessar-fogo firmado em janeiro, são “apenas o começo”. Os ataques, segundo ele, continuarão até que o governo israelense alcance os seus objetivos na guerra em Gaza: erradicar o grupo palestino radical Hamas e libertar todos os reféns, mantidos em cárcere desde 7 de outubro de 2023.
Na quarta-feira, Israel lançou novos ataques aéreos contra Gaza. Segundo o porta-voz da agência de defesa civil de Gaza, Mahmud Bassal, pelo menos 13 pessoas foram mortas pelos bombardeios durante esta madrugada, depois de Tel Aviv dizer que retomaria os combates “com força total” no território palestino.
Futuro de Gaza
As explosões DA terça-feira pintaram um trágico desfecho de semanas de estagnações nas negociações para iniciar a segunda fase do acordo de cessar-fogo, que previa a libertação dos mantidos em cativeiro e a saída total das tropas israelenses da Faixa de Gaza. Não saiu do papel. Com trocas de farpas, Israel e Hamas acusavam-se mutuamente de violar os termos da trégua, revelando a fragilidade do pacto.
A primeira fase levou, ao longo de seis semanas, à troca de 25 reféns israelenses vivos e os restos mortais de outros oito, em troca da libertação de cerca de 1.800 palestinos detidos e em prisões de Israel. Também permitiu a entrada de ajuda humanitária no enclave e o retorno da população local às suas casas no norte de Gaza.
Bibi mostrou oposição consistentemente a qualquer fim permanente da guerra em Gaza, em parte devido a um cálculo político doméstico. Impopular, com vantagem de apenas dois votos no Parlamento, ele se desdobra para agradar aos partidos radicais religiosos que sustentam sua coalizão e são contra concessões em Gaza em meio a intensas pressões, inclusive dos Estados Unidos, para pôr fim ao conflito que se estende por mais de um ano e já matou, em números oficiais, quase 50 mil palestinos.