O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aposta na isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil como uma estratégia para recuperar sua popularidade, afetada principalmente pela inflação dos alimentos. A medida, anunciada em novembro de 2024 pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e formalizada nesta terça-feira, 18, ocorre em um momento em que a desaprovação do governo atinge níveis recordes.
A decisão de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda tem implicações políticas e econômicas. Politicamente, a proposta é vista como uma tentativa de reverter a queda de popularidade, principalmente entre as classes médias e trabalhadoras, que têm sido impactadas pelo aumento do custo de vida.
No entanto, a iniciativa foi recebida com ceticismo pelo mercado financeiro, que interpretou a medida como um sinal de descompromisso fiscal do governo.
Como informado pela coluna, uma das poucas ações recentes do governo Lula que obteve resultados positivos foi a decisão do presidente de adotar um tom mais controlado e menos improvisado em seus discursos.
No entanto, essa mudança de postura pode não ser suficiente para reverter a tendência de queda na popularidade, especialmente considerando os desafios econômicos e a percepção de que o governo enfrenta dificuldades para equilibrar as contas públicas.
A mais recente divulgação do instituto Paraná Pesquisas revela que a reprovação ao governo Lula na cidade de São Paulo cresceu 12 pontos percentuais nos últimos seis meses, atingindo 58,1%, o maior índice da série iniciada em julho de 2024.
A mesma pesquisa mostra que apenas 26% dos paulistanos consideram a gestão “ótima” ou “boa”, enquanto 48,5% a classificam como “ruim” ou “péssima”.
O governo espera que a isenção do Imposto de Renda tenha um impacto direto e rápido na renda disponível de milhões de brasileiros, gerando um alívio financeiro imediato.
No entanto, a execução da medida e sua real influência sobre a percepção do governo entre os eleitores ainda são incertas.
A aposta de que isso será suficiente para reverter a tendência de queda na aprovação presidencial pode ser arriscada, especialmente se a inflação continuar pressionando os orçamentos familiares.
A popularidade de Lula depende não apenas de medidas econômicas, mas também da capacidade do governo de articular politicamente – algo que ele sempre demonstrou talento para realizar – e enfrentar, como dito, desafios como a oposição crescente em São Paulo, a percepção de instabilidade fiscal e os impactos da inflação sobre a população.