Pesquisadores anunciaram nesta quarta-feira, 12, a descoberta do mais antigo fragmento de rosto humano já encontrado na Europa Ocidental. O fóssil, identificado como ATE7-1, foi escavado no sítio arqueológico de Sima del Elefante, na Serra de Atapuerca, Espanha, e está datado entre 1,1 milhão e 1,4 milhão de anos. O achado reforça a hipótese de que a Europa foi habitada por diferentes espécies de hominíneos ao longo do Pleistoceno Inferior, período crucial da pré-história humana.
O estudo, publicado na revista Nature e liderado pelo Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social (IPHES-CERCA), sugere que o rosto pertencia a um indivíduo da espécie Homo aff. erectus, um grupo primitivo que antecedeu o Homo antecessor, anteriormente considerado o hominíneo mais antigo da região. A nova evidência modifica a compreensão sobre as primeiras migrações humanas para a Europa e a evolução do rosto moderno.
Um rosto que desafia teorias
A reconstrução do fóssil revelou traços mais primitivos do que os do Homo antecessor, encontrado no sítio vizinho de Gran Dolina e datado de 900 mil a 800 mil anos atrás. O novo espécime tem uma estrutura nasal menos desenvolvida e um rosto mais achatado, características que o aproximam do Homo erectus da África e da Ásia. Diante dessas diferenças, os pesquisadores classificaram o fóssil como Homo aff. erectus, indicando semelhanças com essa espécie, mas sem uma atribuição definitiva.
A camada arqueológica onde o fóssil foi encontrado contém ferramentas de pedra e ossos de animais com marcas de corte, sugerindo que esses primeiros habitantes usavam tecnologia rudimentar para processar carne. Os artefatos líticos encontrados indicam um conhecimento básico de fabricação de ferramentas, ainda que simples, o que aponta para uma estratégia eficiente de sobrevivência.
Os pesquisadores também analisaram o ambiente da época e concluíram que os primeiros europeus viveram em uma paisagem dinâmica, com áreas arborizadas, campos úmidos e fontes sazonais de água, o que favorecia a sobrevivência da espécie. Os restos de animais indicam uma dieta variada, possivelmente complementada por plantas e frutos.
O impacto da descoberta
A nova evidência fortalece a teoria de que diferentes populações humanas coexistiram na Europa ao longo do Pleistoceno, desafiando a ideia de uma única onda migratória. O estudo sugere que a população à qual o ATE7-1 pertencia chegou ao continente antes do Homo antecessor, indicando uma ocupação mais antiga e complexa da região.
Com as escavações ainda em andamento, novas descobertas podem esclarecer como e quando os primeiros humanos chegaram à Europa. Os pesquisadores consideram o achado um marco no estudo da evolução humana e na compreensão das migrações pré-históricas.