Os moradores da Groenlândia vão às urnas nesta terça-feira, 11, atraindo máxima atenção da comunidade internacional. É algo inédito para a ilha de apenas 50 000 habitantes localizada dentro do Círculo Polar Ártico.
A razão é o interesse repetido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em adquirir o território custe o que custar.
A Groenlândia é controlada pela Dinamarca, país que está 3.000 km de distância.
A ilha tem autonomia para decidir assuntos internos, mas as decisões sobre política externa e de defesa são tomadas em Copenhague.
Agora, cinco dos seis partidos que participam das eleições são a favor da independência da Groenlândia da Dinamarca, diferindo apenas sobre a rapidez com que isso deve acontecer.
A votação ocorre ao longo de 11 horas em 72 seções eleitorais e termina às 20:00, horário local, na terça-feira.
“O debate sobre a independência foi acelerado por Trump”, afirmou Masaana Egede, editora do jornal groenlandês Sermitsiaq.
A localização estratégica da ilha e os recursos minerais inexplorados chamam a atenção do presidente americano.
Ele apresentou pela primeira vez a ideia de comprar a Groenlândia durante seu primeiro mandato, em 2019.
Desde que assumiu novamente o cargo, em janeiro, Trump reiterou sua intenção de adquirir o território. Os líderes da Groenlândia e da Dinamarca contestaram repetidamente suas exigências.
No entanto, ao discursar no Congresso na semana passada, Trump novamente reforçou a posição.
“Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional. De uma forma ou de outra, vamos consegui-la”, disse ele, provocando aplausos de vários políticos, incluindo o vice-presidente, JD Vance.
Em Nuuk, as palavras do presidente americano repercutiram entre os políticos locais, que rapidamente as condenaram.
“Merecemos ser tratados com respeito, e não acho que o presidente americano tenha feito isso desde que assumiu o cargo”, declarou o primeiro-ministro, Mute Egede.
Ainda assim, os Estados Unidos tem incentivado a Groenlândia a se separar da Dinamarca, com grande parte do debate girando em torno de quando – e não se – o processo de independência deve começar.
A busca pela independência não é recente e vem sendo discutida há décadas.
Revelações sobre os maus-tratos sofridos pelos inuítes sob domínio dinamarquês abalaram a opinião pública da Groenlândia em relação à Dinamarca.
No início deste ano, o primeiro-ministro afirmou que o território deveria se libertar “das amarras do colonialismo”.
No entanto, esta é a primeira vez que o tema ganha protagonismo em uma eleição.