Cuba enfrentará apagões simultâneos em 57% do seu território nesta quarta-feira, 12, no mais grave episódio em dois anos da crise energética no país. A informação teve como base dados da empresa estatal Unión Eléctrica (UNE), obtidos pela agência de notícias espanhola EFE. Nos últimos meses, Cuba registrou três grandes quedas de luz que se estenderam por vários dias, em meio à marca de 53% nas taxas de déficit energético – quando a energia ofertada é menor do que a demanda.
Vinculada ao Ministério de Energia e Minas, a UNE estima que a capacidade máxima de geração de energia ficará em 1.490 megawatts (MW) no horário de pico da noite, cuja demanda pode atingir 3.290 MW. Frente ao desfalque de 1.800 MW, os circuitos serão desligados preventivamente. A estratégia adotada busca evitar um apagão desgovernado ao redor de Cuba.
A UNE reconhece paralisações por quebras e manutenções em nove das 20 unidades de produção termelétrica (distribuídas em sete usinas). Além disso, 57 usinas de geração distribuída e duas usinas flutuantes (skids) estão fora de operação por falta de combustível (óleo combustível e diesel).
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Problemas estruturais
A falta de combustível importado e os problemas de funcionamento das termelétricas, que remontam à União Soviética, são os principais fatores para o agravamento da crise energética no país. Ao todo, Cuba consome oito milhões de toneladas de combustível por ano. Desse número, apenas três milhões são produzidas no país. O restante é fruto da importação de aliados, principalmente Venezuela, Rússia e México, que são incapazes de suprir o rombo cubano.
A ilha tem sete usinas termelétricas e vinte unidades geradoras de energia, entre as quais sete tiveram funcionamento interrompido nos últimos dias por problemas ou para manutenção. Para tentar driblar o problema, Cuba alugou usinas flutuantes ao longo dos anos, mas apenas cinco continuam em operação.
A infraestrutura elétrica precária de Cuba, somada a uma crise econômica de longo prazo devido às sanções norte-americanas, complica ainda mais os esforços de recuperação do país. Além da falta de eletricidade, o país enfrenta uma escassez generalizada de alimentos, medicamentos e combustíveis. A inflação disparou e os serviços básicos, como escolas, hospitais e comércios, estão profundamente afetados.