O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, desembarcou em Kiev nesta quarta-feira, 12, para discutir com o presidente Volodymyr Zelensky tanto o fim da guerra na Ucrânia quanto um acordo estratégico, que daria aos americanos acesso aos minerais considerados “críticos” em reservas ucranianas. Donald Trump afirmou anteriormente que os recursos servirão de moeda de troca para pagar pela assistência militar e financeira – passada, presente e futura – de Washington.
Bessent é o primeiro funcionário de gabinete do novo governo Trump a visitar a Ucrânia. Sua viagem ocorre em um momento em que Washington busca reforçar seu papel como mediador do fim da guerra contra a Rússia e garantir o acesso americano às terras-raras (onde há minerais estratégicos para o setor bélico e de alta tecnologia, cujos maiores depósitos mundiais são da China) como forma de pagamento por toda a ajuda militar fornecida pelos Estados Unidos durante o conflito.
“Estou enviando o Secretário do Tesouro Scott Bessent à Ucrânia para se encontrar com o presidente Zelensky. Esta Guerra DEVE e VAI TERMINAR EM BREVE — Muita Morte e Destruição”, escreveu Trump, como sempre, em letras maiúsculas.
A chegada do secretário americano ocorre poucas horas depois dos moradores da capital ucraniana serem despertados com uma salva de mísseis e drones russos que deixou pelo menos um morto e três feridos, além de provocar diversos incêndios por toda a cidade.
Acordo sobre minerais críticos
Em entrevista à emissora conservadora Fox News na segunda-feira, Trump sugeriu que a Ucrânia “pode ser russa um dia” e também estipulou em 500 bilhões de dólares (cerca de 2,89 trilhões de reais) o pagamento em terras-raras que ele quer que Kiev faça por toda a ajuda militar passada e futura dos Estados Unidos.
“Eles (os ucranianos) podem fazer um acordo, eles podem não fazer um acordo. Eles podem ser russos um dia, eles podem não ser russos um dia”, disse o presidente americano.
Sobre os minerais, Zelensky já disse estar disposto a um acordo, mas seus recursos são limitados. Dos depósitos importantes de terras-raras na Ucrânia, ele só controla os da região de Dnipropetrovsk. O restante está no leste, onde grande parte do território é dominado pelos russos.
“Nós vamos ter todo esse dinheiro lá, e eu digo que quero ele de volta. E eu disse a eles que quero o equivalente a 500 bilhões de dólares em terras-raras. E eles essencialmente concordaram em fazer isso, então, ao menos nós não nos sentimos estúpidos”, afirmou Trump à Fox News.
No entanto, o presidente ucraniano disse que ofereceria uma parceria mutuamente benéfica para desenvolver os depósitos minerais em conjunto, sem “doá-los” aos americanos.
Bessent também deve aproveitar a visita para discutir um acordo mais amplo que incluiria recursos energéticos, ativos de energia e empresas estatais ucranianas, de acordo com a agência de notícias Reuters.
Diplomacia dos EUA na guerra
Trump, que expressou repetidamente o desejo de encerrar o conflito o mais rápido possível, disse no último domingo 9 que via “progresso”, embora não tenha definido como espera acabar com a guerra. Ele afirmou ter tido contato com Putin, algo que o Kremlin não confirmou nem negou.
A visita de Bessent coincide com viagens à Europa de outros altos funcionários do governo americano. Na terça-feira, a embaixadora dos Estados Unidos na Rússia, Lynne Tracy, foi enviada para uma primeira conversa oficial na chancelaria russa.
Já o enviado especial de Trump para a Ucrânia e a Rússia, o general Keith Kellogg, deve se encontrar com Zelensky na Conferência de Segurança de Munique, um evento anual central na geopolítica, junto ao vice-presidente J.D. Vance. O evento vai de sexta-feira 14 até domingo 16. A expectativa é de que Kellogg indique quais ideias para a paz na Ucrânia estão na mesa de Trump (nada específico foi apresentado até agora). O indicado para lidar com a guerra irá à Ucrânia na semana que vem, sem data ainda para uma visita a Moscou.