Depois do presidente Donald Trump pressionar o rei da Jordânia a acolher palestinos que seriam permanentemente deslocados de Gaza, como parte de seu insólito plano para os Estados Unidos assumirem o controle do enclave, Abdullah II reiterou, na noite de terça-feira 11, que seu país é firmemente contra a proposta.
“Esta é a posição árabe unificada”, disse o monarca em uma publicação no X, antigo Twitter. “Reconstruir Gaza sem deslocar os palestinos e abordar a terrível situação humanitária no enclave deve ser a prioridade para todos.”
Abdullah foi o primeiro líder árabe a se encontrar com Trump desde que seu plano para o futuro de Gaza veio à tona.
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Riviera
Os dois líderes se reuniram na terça na Casa Branca, encontro onde Trump sinalizou que não iria ceder em sua ideia que envolve retirar os moradores de Gaza e transformar o território devastado pela guerra no que ele chamou de “Riviera do Oriente Médio”. O plano chocou o mundo, já que a transferência forçada, arbitrária e permanente de populações é considerada um crime contra a humanidade sob as convenções de Genebra.
“Nós vamos pegar Gaza. Nós vamos possuí-la, nós vamos apreciá-la. Nós vamos fazê-la funcionar, muitos empregos serão criados para as pessoas no Oriente Médio”, disse Trump no Salão Oval, garantindo que seu plano “traria paz” para a região.
Pressão
O rei Abdullah disse mais tarde que havia reiterado sua “posição firme” contra o deslocamento dos palestinos de Gaza e da Cisjordânia, território parcialmente ocupado por Israel que faz fronteira com o país árabe. Mesmo assim, Trump sugeriu que a Jordânia, assim como o Egito, acabariam concordando com o plano. Ambos os países são altamente dependentes de Washington para ajuda econômica e militar.
“Acredito que há um pedaço de terra na Jordânia. Acredito que há um pedaço de terra no Egito”, disse o presidente americano. “Podemos ver outro lugar, mas acho que quando terminarmos nossas negociações, teremos um lugar onde eles (os palestinos) viverão muito felizes e muito seguros.”
Trump, que sugeriu que poderia considerar congelar a assistência à Jordânia, atenuou a fala durante a reunião com Abdullah. “Contribuímos com muito dinheiro para a Jordânia e, a propósito, para o Egito — muito para ambos. Mas não preciso ameaçar isso. Acho que estamos acima disso”, afirmou.
O rei da Jordânia concedeu acolher 2 mil crianças doentes de Gaza para tratamento, uma oferta que Trump elogiou. “A questão é como fazer isso funcionar de uma forma que seja boa para todos”, disse Abdullah, parecendo desconfortável, sem apoiar ou se opor explicitamente ao plano de Trump. A nação árabe já abriga mais de 2 milhões de refugiados palestinos entre sua população de 11 milhões.
Resposta do Egito
Na noite de terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Egito disse que planeja “apresentar uma visão abrangente para a reconstrução” da Faixa de Gaza que garanta que os palestinos permaneçam em suas terras.
O Egito “espera cooperar” com a administração de Trump sobre o assunto, com o objetivo de “chegar a um acordo justo para a causa palestina”, disse o ministério.
Segundo o governo egípcio, o plano detalharia a reconstrução de Gaza “de uma maneira clara e decisiva que garanta que o povo palestino permaneça em suas terras, e em linha com os direitos legítimos e legais deste povo”.