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Martírio dos reféns: a insuportável visão de judeus famintos e torturados

Imaginem a tortura emocional de ter recebido o aviso de que um familiar mantido como refém em Gaza há um ano e quatro meses seria libertado – para tudo ser cancelado na última hora. É uma amostra do poder que o Hamas tem sobre Israel: a decisão final sobre o destino de cidadãos indefesos que mantém no cativeiro.

É um poder terrível. E também aleatório. Alguns reféns saíram inteiros, depois de ser trocados ou resgatados por ação militar. Outros, como os mais recentes libertados, Or Levy, Ohad Ben Ami e Eli Sharabi, pareciam sobreviventes de campos de concentração, uma comparação terrível inevitavelmente feita por todo mundo que já viu fotos do fim da guerra em Auschwitz e outros complexos da morte mantidos pela Alemanha nazista.

Todos viram, mas pouco disseram – sendo Donald Trump uma das exceções. Trump também fez uma exigência nova: todos os reféns deveriam ser soltos até meio-dia de sábado, introduzindo um novo elemento num quadro já de alta complicação.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, se declarou “consternado”. Existe adjetivo mais fraco? Starmer falou sobre o assunto porque Sharabi era casado com uma cidadã britânica. Ele não sabia que a mulher e as duas filhas do casal tinham sido mortas no ataque de 7 de outubro de 2023.

Num detalhe especialmente cruel, foi obrigado, na encenação montada pelo Hamas para fazer mais uma demonstração de força, a dizer que esperava com ansiedade encontrá-las. Estava a poucos minutos de descobrir que haviam morrido.

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Os três reféns foram os que exibiram sinais mais evidentes de maus tratos. Passaram meses acorrentados, muitas vezes sem poder se locomover nos túneis mantidos debaixo da terra. Sofreram enforcamento com cordas no pescoço e sufocamento com mordaças de pano. Durante interrogatórios, eram pendurados pelos pés e queimados. Passavam dias sem comer ou dividindo um único pão pita.

EXPERIMENTO CRUEL

A fome extrema já era conhecida pela inteligência israelense e havia sido exposta com a recuperação dos corpos dos seis reféns, quatro homens e duas mulheres, assassinados no fim de agosto passado, quando seus carcereiros acharam que as Forças de Defesa de Israel estavam prestes a encontrar o cativeiro.

O corpo da refém Eden Yerushalmi pesava apenas 36 quilos, o que possivelmente a mataria por inanição se as balas não tivesse chegado antes. Hersh Goldberg-Polin, que havia perdido um antebraço e mesmo assim conseguido sobreviver ao cativeiro, estava com 52 quilos.

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De forma geral, os reféns que saíram com aparência menos devastada ficaram presos em casas de civis colaboradores do Hamas ou foram mais alimentados já no fim do cativeiro, para melhorar a aparência. Perderam peso e nem é preciso explicar o tormento enfrentado, mas não chegaram ao estado extremo visto nos três últimos casos.

Toda a existência de Israel e muitas das instituições do pós-guerra foram montadas em torno da ideia do “Nunca mais”.

Nunca mais poderia acontecer a barbárie contra judeus, montada de forma tão monstruosamente eficiente pela Alemanha nazista.

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Também foi estabelecido um imperativo moral para todos os seres humanos: jamais poderiam assistir passivamente a perseguição letal contra judeus. Em nome dele, é obrigação moral de todos os cidadãos do planeta não normalizar a imagem dos últimos reféns libertados – para não falar nos que “justificam” o tratamento cruel.

As encenações feitas pelo Hamas quando reféns são soltos, com militantes bem fardados e armados e detalhes cruéis como um “certificado” de libertação e até sacolas de “lembrancinhas”, mostram uma ligação com a estética fascista – um raro caso em que a palavra pode ser usada sem risco de exagero. Judeus esqueléticos e humilhados, mantidos propositalmente muito perto da morte por inanição como animais de laboratório num experimento cruel, são um repto moral para o mundo.

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