Qual foi sua contribuição como mulher trans para o enredo do filme? O roteiro era mais cômico e virou uma história séria, de alguém que se supera não para redimir seus pecados, porque acredito que os erros não se reparam. Mas, sim, para, a partir daí, se tornar uma pessoa melhor.
Como é ser alçada a símbolo de sua comunidade — e também ser criticada por ela? Ninguém votou em mim, então não posso falar por quem não quer que eu o represente. Mas posso ajudar outras pessoas na mesma situação, para que não sejam desprezadas ou marginalizadas, dizendo: “Sou tão normal quanto vocês”.
O que diz aos que questionam a autenticidade do filme? Se Jacques (Audiard) fizesse filmes baseados em si, só poderia contar a história de um homem que acorda, escreve e vai dormir lendo. Seria muito chato, ninguém iria ver. A criatividade não deve ter limites, senão acontecem coisas terríveis, como com o jornal Charlie Hebdo.
Publicado em VEJA de 7 de fevereiro de 2025, edição nº 2930