Apesar dos avanços no segmento de aparelhos auditivos, o preconceito em relação ao uso e à dificuldade de adaptação ainda são obstáculos a quem precisa recorrer à tecnologia para contornar a deficiência de audição. De olho nessa fatia do público, a empresa franco-italiana EssilorLuxottica desenvolveu óculos inteligentes que contam com amplificadores de som embutidos, favorecendo a adesão ao tratamento entre pessoas que buscam uma solução eficiente e mais discreta.
O Nuance Audio acaba de ser aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), a agência regulatória dos EUA, e será destinado a adultos com perda auditiva leve ou moderada. “Não queríamos só combinar dois dispositivos médicos, mas desenvolver uma nova categoria de óculos inteligentes que atendesse aos dois sentidos mais essenciais ao ser humano”, disse, em comunicado, o CEO da empresa, Francesco Milleri.
![nuance-audio](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Nuance-Audio-Hearing-Aid-Software-6.png)
A nova tecnologia, que já tem aval para comercialização na União Europeia, deve chegar ao mercado americano e europeu no primeiro semestre de 2025. Ainda não há registro de submissão aos órgãos competentes brasileiros nem previsão de lançamento no país.
Como funciona
A proposta do Nuance Audio é oferecer óculos equipados com lentes (da marca Transition) e um sistema de captação e amplificação do som invisível, alojado na estrutura do dispositivo, como mostra o vídeo abaixo:
“É uma ideia muito interessante porque eles funcionarão como aparelhos auditivos discretos, resolvendo a principal objeção do paciente, que é a questão estética”, avalia a otorrinolaringologista Nathália Prudêncio, mestre em otoneurologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Mesmo com modelos mais modernos hoje, existem pessoas que não querem ou deixam de usá-los, apesar da indicação médica.”
O aparato dispõe de um conjunto de microfones e um sistema de formação de feixes sonoros, direcionando o que é captado de acordo com o raio de visão do usuário. É como se colocasse um hiperfoco apenas na fonte sonora desejável, podendo “ignorar” outros ruídos no ambiente.
A médica brasileira pondera que ainda é preciso entender quão personalizáveis são os óculos, oferecidos em dois modelos no site da empresa. “O paciente pode ter uma perda auditiva leve e moderada, mas em uma frequência específica de som. E, nesse caso, é necessário saber se os óculos serão regulados de acordo com o exame de audiometria”, esclarece Nathália.
Enquanto não chega
Ainda sem uma expectativa de chegada do produto no país, a recomendação a quem depende de aparelhos auditivos é manter o uso e o acompanhamento especializado. “É a melhor maneira de assegurar a qualidade de vida das pessoas que enfrentam a perda auditiva.” Estima-se que o problema afete 5% dos brasileiros – são mais de 10 milhões de indivíduos com algum grau de prejuízo para ouvir.