Desde que entrou no ar, no dia 9 de setembro do ano passado, Mania de Você foi da euforia ao desastre a céu aberto no horário nobre em velocidade vertiginosa. A premissa sobre a vida dos super-ricos brasileiros, na esteira da exploração bem-sucedida dessa temática nas séries americanas, era vibrante o suficiente para o autor João Emanuel Carneiro sustentar um folhetim classudo e divertido. Mas ele foi infeliz e jogou essa chance fora, eis a verdade, com sua aposta em uma ideia duvidosa: um “quadrilátero” de protagonistas cheios de dubiedade e mudanças de humor. Apesar de arrojada, a proposta não se sustentou no ar: mais que chocha ou sem sex appeal, a fórmula se revelou confusa, sem sentido – e, previsivelmente, fez o espectador perder a paciência, fugindo em massa da tela da Globo no horário das 9.
Nesse senhor abacaxi que virou Mania de Você, um pecado foi fatal: a construção esquisita da suposta mocinha vivida por Gabz. Embora tenha surgido radiante e empática nos primeiros capítulos, Viola logo se revelou uma heroína acanhada, errática – e toda equivocada. Em breve, sabe-se que irá ao ar a cena em que a personagem tentará consertar o erro original que lhe custou a antipatia do público e, de roldão, a impossibilidade de Mania de Você apresentar um par romântico capaz de despertar a torcida geral pelos pombinhos — item fundamental em qualquer melodrama que se preze.
Qual o maior erro de Mania de Você?
Eis o erro de que Viola tentará se expiar: a traição, logo no início da novela, que perpetrou contra Luma e Mavi, os personagens de Agatha Moreira e Chay Suede que também compõem o quadrilátero de protagonistas da trama. Em seu pedido de desculpas, Viola deverá culpar pelo ato traíra sua desenfreada paixão à primeira vista pela última ponta do tal quadrilátero, o pescador Rudá (Nicholas Prattes) — um mocinho que nem merecia tudo isso, pois se revelou mais inexpressivo que uma manjubinha na tela.
Viola e a novela pagaram um preço altíssimo por aquele lance extremamente condenável do ponto de vista moral. Ela nunca mais teria a confiança dos espectadores para se impor como mocinha — isso, a despeito de mil outras tentativas de reviravolta, que incluíram até um acidente rocambolesco que quase tirou sua vida. Na vida real, sempre é tempo de arrepender-se de fazer mal aos outros e pedir perdão. Numa novela, fazer isso somente na reta final não cola, infelizmente. Mania de Você que o diga.
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