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ONU condena plano de Trump para Gaza e alerta: deslocamento de palestinos é proibido

As Nações Unidas condenaram polêmica declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o país deveria “assumir” a Faixa de Gaza e realocar os palestinos em outros países. O Escritório de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra, afirmou nesta quarta-feira, 5, que “qualquer transferência forçada ou deportação de pessoas de território ocupado é estritamente proibida”.

Em pronunciamento, o órgão enfatizou a importância de avançar para a próxima fase da trégua na guerra entre Israel e Hamas, visando a libertação de todos os reféns e prisioneiros detidos arbitrariamente, o fim do conflito e a reconstrução de Gaza, com pleno respeito ao direito humanitário internacional.

Proposta indecente

Após uma reunião na Casa Branca com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na terça-feira 4, Trump sugeriu que os palestinos deveriam sair de Gaza e que os Estados Unidos poderiam assumir o controle da região. Segundo o presidente, a ideia seria reconstruir o território sob uma nova administração, garantindo desenvolvimento econômico e empregos.

“Em vez de (os palestinos) voltarem e reconstruírem (Gaza), os Estados Unidos vão assumir e fazer algo com ela. Vamos tomar conta”, declarou Trump. Ele também mencionou que Washington poderia buscar “pedaços de terra” para reassentar os palestinos em países vizinhos.

Netanyahu, por sua vez, evitou comentar diretamente o plano. O primeiro-ministro israelense reafirmou os objetivos de seu país na região, incluindo a libertação de reféns em poder do Hamas e a eliminação de ameaças ao país vindas de Gaza.

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Rejeição internacional

A proposta foi rapidamente condenada pela comunidade internacional. Países como França, Espanha, Reino Unido e Rússia se posicionaram contra a medida e condenaram qualquer tentativa de retirada forçada dos palestinos de suas terras.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou que Pequim se opõe à “transferência forçada” e defende que Gaza seja governada pelos próprios palestinos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, foi ainda mais enfático, classificando a proposta de Trump como um risco de “limpeza étnica” que pode inviabilizar permanentemente a criação de um Estado Palestino.

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Tanto a Jordânia quanto o Egito rejeitaram a ideia de receber palestinos deslocados, enfatizando que eles têm direito de permanecer em sua terra. “Nossa rejeição ao deslocamento dos palestinos é firme e não mudará. A Jordânia é para os jordanianos, e a Palestina é para os palestinos”, declarou o chanceler jordaniano, Ayman Safadi.

A Arábia Saudita, com quem Trump tenta estabelecer laços, também repudiou a sugestão do presidente norte-americano e afirmou que não estabelecerá laços diplomáticos com Israel até que um Estado Palestino seja reconhecido.

Por outro lado, em Israel, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, um dos principais nomes da extrema direita no país, elogiou a ideia de reassentar palestinos em outros países. “A ideia de ajudá-los a encontrar outros lugares para começar uma vida melhor é uma excelente ideia. Após anos de glorificação do terrorismo, eles poderão estabelecer vidas novas e boas em outros lugares”, declarou.

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Cessar-fogo e reconstrução de Gaza

A proposta de Trump se dá em meio a um delicado cessar-fogo entre Israel e Hamas, que entrou em vigor em 19 de janeiro, após mais de 15 meses de guerra. O acordo, mediado por países como Egito, Catar e Estados Unidos, foi dividido em três fases. Na primeira etapa, com duração de 42 dias, o Hamas concordou em libertar 33 reféns, entre eles crianças, mulheres e idosos, em troca da soltura de prisioneiros palestinos por Israel.

A segunda fase prevê negociações para um cessar-fogo permanente, a libertação dos reféns restantes e a retirada completa das forças israelenses da Faixa de Gaza. Já na terceira e última etapa, está prevista a devolução dos corpos dos reféns mortos e o início da reconstrução do território, um processo que pode levar anos.

Apesar da trégua, a situação segue frágil. Qualquer incidente pode ameaçar o acordo, reacendendo os combates. Enquanto isso, a Faixa de Gaza enfrenta uma devastação sem precedentes: mais de 40 mil pessoas morreram e grande parte da infraestrutura do território foi destruída. Organizações humanitárias alertam que qualquer deslocamento em massa dos palestinos pode resultar no apagamento de sua identidade e na inviabilização da criação de um Estado Palestino, que até o governo de Joe Biden defendia.

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