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Tarifaço de Trump: incerteza atrapalha planos de empresas brasileiras no México

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu por um mês as tarifas de importação de 25% aplicadas ao México nesta segunda-feira, 3, após “uma boa conversa” com a presidente do México, Claudia Sheinbaum.

Apesar do adiamento, as empresas brasileiras que investem em fábricas no México a fim de ter mais proximidade com o mercado americano – como a Frasle Mobility, a Gerdau e a WEG – são colocadas em xeque frente às tarifas impostas por Trump. Caso essas companhias produzam itens no México e exportem para os Estados Unidos, elas serão taxadas do mesmo modo que as empresas mexicanas.

Em julho de 2024, a Frasle Mobility anunciou a compra de uma fabricante mexicana de autopeças por 2,1 bilhões de reais, o maior negócio feito pela companhia. A Gerdau e a WEG também participam do movimento chamado de nearshoring, que consiste na realocação de operações industriais para países vizinhos. No ano passado, mais de 900 milhões de dólares foram investidos do Brasil para o México, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O tarifaço é uma medida para incentivar a produção nacional dos EUA e não chega como uma surpresa, segundo analistas. “Trump sempre foi um grande fã de tarifas para proteger o mercado e os produtores americanos”, explica Kai Enno Lehman, professor de Relações Internacionais na Universidade de São Paulo (USP), à VEJA. Por mais que seja uma promessa da campanha do candidato republicano, Lehman acredita que o plano não terá um resultado efetivo no curto prazo, já que os custos extras sobre os itens importados serão repassados para os consumidores americanos.

Caso o México revide e imponha tarifas sobre a importação de produtos americanos, o aumento de preços também recairá para os consumidores mexicanos. Seguindo essa teoria, haveria prejuízo financeiro para as companhias brasileiras com operações na América do Norte.

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Na prática, o comportamento do consumidor americano pode ser imprevisível, de acordo com o especialista. “É difícil afirmar algo nesse momento. O prejuízo, a longo prazo, é a incerteza gerada por essa guerra comercial”, diz Lehman. As sobretaxas de Trump entrariam em vigor nesta terça-feira 4, e, agora, estão suspensas por um mês. É este o prazo para que os mexicanos tentem negociar um cancelamento definitivo das medidas.

Essa oscilação certamente impactará nas decisões das empresas brasileiras sobre investimentos no México, segundo o professor. “Ninguém sabe o que Trump fará de um dia para o outro e isso é péssimo para uma empresa tentando desenvolver uma estratégia de investimentos”, afirma. Somado a tudo isso, as tarifas impostas pelo presidente americano podem até ultrapassar o limite da legalidade ao infringir o acordo de livre comércio entre os três países da América do Norte. “Isso certamente será levantado pela OMC (Organização Mundial do Comércio)”, ressalta Lehman.

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