O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, atribuiu o prejuízo da empresa em 2024 à taxação de compras internacionais. Na sexta-feira, 31, ele afirmou que o tamanho do impacto negativo do imposto criado para a importação de encoemndas do exterior de até 50 dólares, que ficou conhecido como “taxa das blusinhas”, foi de 2,2 bilhões de reais. “Os Correios estavam focados em alguns setores em que se navegava tranquilamente. Hoje não é assim. Os Correios precisam se voltar para o mercado nacional, precisa se voltar para as empresas brasileiras”, disse Santos. Ao todo, o rombo da estatal, no ano passado, foi de 3,2 bilhões de reais.
Segundo a Receita Federal, as encomendas internacionais caíram 11% na comparação de 2024 com o ano anterior. Foram 187,12 milhões de compras de outros países contra 209,5 milhões no ano anterior. Por outro lado, o governo registrou arrecadação recorde, com um aumento de 800 milhões de reais, o que representa 40,7% a mais. No ano passado, a arrecadação ficou em 2,7 bilhões de reais, contra 1,9 bilhões de reais em 2023. Em nota, a Receita atribuiu o aumento da arrecadação à criação do Programa Remessa Conforme, que certifica as empresas de comércio eletrônico e, segundo o órgão, reduz o tempo em que as encomendas ficam nas alfândegas, mas cria a tal “taxa das blusinhas”.
“O aumento da arrecadação vai ao encontro da criação do Programa Remessa Conforme e o estabelecimento, pelo Congresso Nacional, da tributação sobre todas as remessas, independentemente do valor da importação”, disse a Receita Federal, em nota divulgada na quarta-feira, 29.
Ao considerar a manifestação da Receita Federal e o pronunciamento do presidente da estatal dois dias depois, o aumento arrecadatório está longe de suprir o rombo na estatal de entregas. Nesta conta, o prejuízo da estatal causado pela taxação das blusinhas, segundo o presidente da empresa, foi 1,4 bilhão de reais maior do que o aumento da arrecadação anunciado pela Receita.