O que vai ter de diferente no Carnaval 2025? A principal mudança é o acréscimo de um dia nos desfiles. As escolas de samba vão sair no domingo, na segunda e na terça-feira de Carnaval, o que traz vários benefícios. Como nossa maior receita vem da venda de ingressos, colocar um terceiro dia representa um aumento considerável no valor arrecadado pela Liesa, que, por sua vez, é revertido em mais investimentos para as escolas. Outro ponto é o impacto positivo na movimentação econômica e turística do Rio.
E como o terceiro dia de desfile se reflete no desempenho das escolas? Quando eram seis escolas por noite, a última acabava entrando quando o sol estava prestes a nascer. Ela não aproveitava 100% a iluminação cênica da avenida e desfilava em um ambiente diferente, o que podia desbalancear o resultado. Com quatro escolas por dia, todas estarão em condições de igualdade e a competição será mais justa.
Como a Liesa incentiva a cultura carnavalesca fora do calendário oficial? Pela primeira vez, abrimos ao público o sorteio da ordem dos desfiles. Também celebramos o Dia Nacional do Samba e resgatamos a Noite dos Enredos, que apresenta os sambas das escolas. A partir de agora, haverá ainda ensaios técnicos abertos aos sábados. Tudo isso atrai gente para o samba.
Os camarotes da Sapucaí se sofisticam cada vez mais. Eles não acabam competindo com o show na avenida? Antes dos camarotes, a Liesa tinha dificuldades para vender todos os ingressos. O modelo atual surgiu como solução para impulsionar as vendas, que se tornaram grande fonte de receita. Mas é claro que tem que haver medidas de controle que garantam que o espetáculo continuará sendo protagonizado pelas escolas. Este ano implementamos um manual de boas práticas, para que as decisões não fiquem só nas mãos dos produtores de cada espaço.
O prefeito Eduardo Paes anunciou, após reunião com a Liesa, que está avançando no projeto de estabelecer um teto de gastos para as escolas. Como vê essa medida? Estamos começando a falar nisso pela primeira vez. Acho que é importante para o futuro da festa. Todas as principais ligas competitivas do mundo têm teto de gastos. É uma discussão para 2026. Hoje, o Carnaval já não depende de financiamento externo.
Na série Vale o Escrito, que fez muito sucesso, seu pai, Anísio Abraão David, foi colocado como uma das grandes figuras da contravenção no Rio. Como lida com essa imagem? Eu não fazia ideia da maioria das histórias contadas na série. Como documentário, achei muito interessante. Mas, na época em que eu nasci, meu pai já tinha 60 anos e não estava mais envolvido. Eu e meus irmãos não vivenciamos isso. Não tenho nenhuma ambição de me aprofundar em temas relacionados à contravenção. Sou muito orgulhoso de ser filho de quem sou e de ter crescido dentro da Beija-Flor. Foi na escola de samba que formei meu caráter e me tornei a pessoa que sou hoje.
Publicado em VEJA de 31 de janeiro de 2025, edição nº 2929
