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Dólar cai a R$ 5,84 e tem maior baixa mensal desde junho de 2023

O ambiente relativamente mais favorável para a demanda por risco no Brasil e no exterior permitiram ao dólar um movimento consistente de baixa ao longo de janeiro. Na sessão de hoje, o dólar encerrou em baixa de 0,27%, a 5,837 reais, no seu décimo dia seguido de queda, a maior sequência em sete anos. No mês, a baixa acumulada foi de 5,5% — a maior queda mensal da moeda desde junho de 2023, quando a perda foi de 5,6%.

No cenário internacional, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou as tarifas de importações de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá a partir deste sábado, 1º de fevereiro. Além disso, ele afirmou que a China está na mira das próximas medidas e ameaçou taxar em 100% os produtos dos países membros dos Brics, caso substituam o dólar como moeda de reserva. O bloco é presidido, a partir deste ano, pelo Brasil e é formado por Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros membros recém-admitidos: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.

Apesar das decisões e das ameaças, Trump adotou ao longo de janeiro uma retórica menos agressiva em relação à China, com uma postura mais pragmática e falando até mesmo na possibilidade de acordo comercial. Diante disso, investidores viram a chance de recalibrar a exposição a ativos seguros, com margem maior para negociação de moedas e ativos considerados mais arriscados, caso dos emergentes.

Hoje, o mercado também digeriu os dados do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE), a medida principal de inflação observada pelo Federal Reserve, o banco central americano. O indicador mostrou uma inflação de 2,6% em dezembro, alta de 0,3 ponto percentual, impulsionada principalmente pelo aumento do consumo e da renda da população.

A divulgação ocorre na mesma semana em que o Fed decidiu manter as taxas de juros inalteradas e que o Produto Interno Bruto (PIB) do país apresentou uma desaceleração. O índice em si, porém, também mostrou uma inflação anualizada de 2,3%, abaixo das expectativas do mercado, que projetava 2,6%.

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Entre fatores positivos e negativos, a taxa de câmbio continua em declínio, equilibrando-se também nas notícias locais. No Brasil, o aumento da taxa Selic é apontado como o principal impulso para a queda do dólar.

Nesta quarta-feira, 29, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou os juros para 13,25% ao ano, alta de 1 ponto percentual, maior patamar desde setembro de 2023. A taxa mais elevada proporciona um diferencial de juros mais vantajoso para o investidor estrangeiro, que coloca mais dólares no mercado doméstico, em busca de maiores retornos, e abre espaço para o respiro no câmbio. A isso se associa também a visão positiva dos investidores locais em relação ao primeiro passo de Gabriel Galípolo à frente do BC, em uma decisão que veio no tom esperado e considerado necessário pelo mercado para controle da inflação.

Entre os fatores relevantes para o desempenho do câmbio também vale citar os recentes leilões realizados pelo BC. Na oferta de moeda em leilões à vista e com compromisso de recompra para conter disfuncionalidades, a autoridade contribuiu para a queda do dólar para o nível abaixo dos 6 reais.

“Sem dúvidas, janeiro foi um mês de forte queda para o dólar, refletindo a redução das apostas contra o real e as intervenções do Banco Central. Mas acredito que o jogo ainda está aberto: o cenário global segue incerto, e qualquer nova tensão entre EUA e Brics pode virar essa maré rapidamente”, afirma Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

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