A Rússia condenou, nesta sexta-feira, 31, a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de desenvolver um novo sistema de defesa antimísseis, que ele comparou ao famoso “Domo de Ferro” de Israel. Segundo as acusações do Kremlin, Washington quer desestabilizar o equilíbrio nuclear global e abrir caminho para uma “militarização do espaço”.
Na segunda-feira, Trump assinou uma ordem executiva que determina a criação de um “Domo de Ferro Americano”, um escudo de última geração contra ameaças aéreas, incluindo mísseis balísticos, hipersônicos e de cruzeiro. Segundo a Casa Branca, a medida visa modernizar um sistema desatualizado e responder à “ameaça catastrófica” provocada por adversários dos Estados Unidos, que desenvolveram novos sistemas de ataque.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, por sua vez, disse que o plano tem como objetivo comprometer a capacidade de dissuasão nuclear da Rússia e da China. Ela alertou ainda que a iniciativa prejudica perspectivas de negociações sobre controle de armas nucleares — algo a que tanto Trump quanto o presidente russo, Vladimir Putin, já se mostraram favoráveis.
“(O plano de Trump) prevê diretamente um fortalecimento significativo do arsenal nuclear americano e dos meios para conduzir operações de combate no espaço, incluindo o desenvolvimento e a implantação de sistemas de interceptação baseados no espaço”, disse Zakharova a repórteres em Moscou. “Consideramos isso como outra confirmação do foco dos Estados Unidos em transformar o espaço em uma arena de confronto armado.”
“Paz pela força”
Para Zakharova, a decisão do governo americano não contribuirá para reduzir as tensões nem para criar um ambiente favorável ao diálogo sobre armas estratégicas.
A Casa Branca, por outro lado, afirmou que o novo sistema de defesa aérea visa garantir “a paz através da força” e impedir “ataques à pátria”.
Apesar de Trump e Putin já terem expressado interesse em realizarem um encontro bilateral para tratar de questões como a guerra na Ucrânia, Moscou diz que ainda não recebeu nenhum sinal de Washington sobre a possível reunião.
