O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann, protagoniza mais controvérsias. Entre 2007 e 2012, por indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele chefiou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e foi alvo de críticas por definir uma linha ideológica para o instituto e comandar uma gestão intervencionista. Agora, à frente do IBGE, as críticas sobre o autoritarismo voltaram à tona. No ano passado, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (Assibge) convocou um ato em agosto, fez uma greve em outubro e, neste ano, 125 funcionários com cargos de chefia assinaram uma carta contra a gestão de Pochmann. Desde o processo de escolha do economista para o cargo, Pochmann nunca foi um consenso, mas sua nomeação partiu de uma imposição de Lula.
Na última semana de julho de 2023, Lula informou à ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que iria nomear Pochmann como presidente do IBGE, órgão vinculado à pasta de Tebet. No dia 31 daquele mesmo mês, Pochmann deixou o comando do Instituto Lula e deu lugar à ex-presidente do Sindicato dos Bancários, Ivone Silva. O principal fiador da escolha do atual mandatário do IBGE foi o presidente da entidade de formação política do Partido dos Trabalhadores, a Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto, um dos amigos do círculo mais próximo de Lula. Okamotto presidiu o Instituto Lula, enquanto Pochmann também tem em seu currículo o comando da Fundação Perseu Abramo.
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Críticas a Pochmann
A série de protestos dos servidores à gestão de Márcio Pochmann à frente do IBGE está relacionada ao plano de criação da Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE +). Os sindicalistas afirmam que a medida é uma porta aberta ao uso privado do instituto, que poderia vender pesquisas. O Ministério do Planejamento e Orçamento afirmou que o objetivo da nova fundação é promover “ desenvolvimento institucional e a ampliação das fontes de recursos para o IBGE”. No entanto, diante dos imbróglios comunicou que, em comum acordo com o instituto, iria “suspender temporariamente a iniciativa” de criação do IBGE +.
“Frente a esse desafio, estão sendo mapeados modelos alternativos que podem ensejar alterações legislativas, o que requererá um diálogo franco e aberto com o Congresso Nacional”, diz a nota publicada na última quarta-feira, 29.
Além da pretensão de criar o IBGE +, outros fatores desagradaram os servidores. Em dezembro, Ivone Lopes e Patricia Amorim, diretoras do setor de Geociências, entregam os cargos e, no início de janeiro, o IBGE anunciou também as saídas da diretora de Pesquisas, Elizabeth Hypoliyo, e do número dois da área, João Hallak Neto. Ainda neste mês, o Instituto de pesquisas notificou a Assibge para tirar o “IBGE” do nome.