A expectativa era praticamente unânime: o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentaria a taxa Selic em 1 ponto percentual, em um comunicado praticamente sem novidades – exceto por um trecho, observado por Solange Srour, diretora de macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealth Management.
“O que teve de novidade mais forte é que o BC colocou entre os riscos de baixa (para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação) a desaceleração da atividade doméstica”, afirma ela. “O mercado está olhando isso com cuidado porque tivemos sinais de atividade mais fraca desde o fim do ano passado.”
A economista destaca que acompanhar o ritmo da atividade brasileira é importante porque, para haver um eventual reflexo da perda de força da economia para a política monetária, “não basta haver uma desaceleração”, mas sim um impacto sobre a inflação. Ela destaca que algumas projeções para a inflação de serviços indicam uma potencial piora no indicador, razão pela qual acompanhar esse debate na ata da reunião do Copom será tão importante. A ata será divulgada na semana que vem.
Também na avaliação da diretora, o Banco Central demonstrou que a desaceleração da economia brasileira é importante para o cenário inflacionário porque a própria atividade doméstica se torna mais importante do que a atividade global — diferentemente do que se viu em decisões passadas, em que o exterior pesava mais. A economista afirma ainda que esperava que o Copom trouxesse uma projeção mais alta para a inflação do que os 4% ao ano indicados para o horizonte relevante de política monetária. “Eu acreditava que viria 4,2%”, afirma. “Mas é difícil replicar o modelo do BC. Sabemos que ele tem um hiato do produto diferente do mercado e, se a atividade desacelerou e isso pesou no modelo deles, difere do nosso.”