Notórios desafetos na direita brasileira, o coach Pablo Marçal (PRTB) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL) se envolveram em nova troca de farpas neste final de semana. O motivo do entrevero, como ocorreu com frequência durante a campanha municipal no ano passado, é a busca por apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2026.
Os desentendimentos começaram na última quinta-feira, 23, quando Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista à emissora CNN Brasil, que Pablo Marçal é “carta fora do baralho” na corrida eleitoral para o Planalto. “Eu evito falar sobre esse cara”, declarou o ex-presidente ao ser questionado sobre eventual apoio a uma candidatura do coach. “Tem um baita de um potencial, mas ele tem que se controlar”, disse.
No dia seguinte, durante entrevista ao mesmo canal, Marçal rebateu as declarações do ex-presidente, lembrando que ele está “fora do jogo” — declarado inelegível pela Justiça Eleitoral, o ex-chefe do Executivo federal ainda enfrenta denúncias da Polícia Federal sobre envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após ser derrotado, em 2022, por Luiz Inácio Lula da Silva. “O Bolsonaro só considera candidato quem é parente dele”, disparou o coach.
Já neste sábado, 25, foi a vez de Carlos Bolsonaro sair em defesa do pai contra as críticas do coach, a quem chamou de “Farçal”. “É o único cara que se diz de direita que tenta destruir Jair Bolsonaro desde 2018, mentindo dissimuladamente e dizendo que o apoia”, publicou o filho “Zero Dois” do ex-presidente em seu perfil no X (ex-Twitter).
Farçal é o único cara que se diz de direita que tenta destruir @jairbolsonaro desde 2018, mentindo dissimuladamente e dizendo que o apoia. São apenas fatos. De resto qualquer um faz o que quiser. Trago apenas informações achadas por qualquer um. Os caras não dão ponto sem nó.…
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) January 25, 2025
Relação conturbada
Não é a primeira vez que Marçal e a família Bolsonaro entram em rota de colisão. A relação entre o coach e o ex-presidente e seus filhos é turbulenta, ao menos, desde 2022, quando o influenciador teve a candidatura à presidência da República pelo PROS barrada pela Justiça Eleitoral.
Antes de ser impedido de concorrer, enquanto seu nome ainda estava na mesa ao Planalto, Marçal declarava não ser apoiador “nem de Lula, nem de Bolsonaro” — discurso que mudou após a anulação de sua chapa, quando passou a buscar uma aproximação com o então presidente. Desde então, a guinada no posicionamento foi relembrada diversas vezes pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), que já afirmou não considerar o coach “confiável”.
O “morde-e-assopra” se intensificou durante as eleições de 2024, período em que Marçal, candidato à prefeitura de São Paulo, alegou repetidamente que seria próximo de Jair Bolsonaro e teria a sua bênção na disputa. Em setembro do ano passado, o coach chegou a “invadir” uma manifestação bolsonarista, à qual havia sinalizado que não compareceria, para se promover como o candidato do ex-presidente — a manobra foi profundamente criticada como oportunista por Carlos e Eduardo.
Também neste período, durante entrevista, Marçal afirmou que teria sido encarregado pelo próprio Jair Bolsonaro de comandar suas campanhas nas redes sociais, acrescentando que Carlos dificultaria o relacionamento por ser “raivoso e rancoroso”. “Bicho, vá ser feliz. Somente pare de mentir em meu nome, pelo amor de Deus”, rebateu o vereador após as declarações.