O índice de aprovação de Donald Trump estava empatado com o de reprovação nos primeiros dias de seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, revelou uma pesquisa AtlasIntel divulgada nesta sexta-feira, 24. Após assinar com caneta de ponta grossa dezenas de ordens executivas relativas ao endurecimento contra imigrantes ilegais, incentivos para exploração de petróleo e a oficialização da cartilha anti-woke, 50,1% dos americanos afirmou que aprova o novo chefe da Casa Branca, enquanto 49,7% desaprova, uma diferença de 0,4 ponto percentual que está dentro da margem de erro.
O perfil de quem está mais propenso a chancelar as medidas de Trump, segundo a pesquisa, são homens acima de 45 anos, que moram em áreas mais rurais e têm renda acima de 50 mil dólares por ano. Pessoas que se identificam como brancas também tendem a apoiá-lo, mas o destaque no levantamento é que, enquanto apenas 3% dos eleitores negros escolheram o republicano nas urnas, 68,8% disseram aprovar as medidas iniciais do governo.
E embora homens latinos tenham dado mais votos ao candidato republicano (54%) do que à democrata Kamala Harris (44%) nas eleições, um feito inédito, os anúncios de Trump nesta semana contam com o apoio de 34,6% dos americanos de origem hispânica. Sinal de que o clima instaurado com ameaças de deportação não é positivo, apesar de alguns imigrantes que entraram no país legalmente terem se mostrado favoráveis à operação.
Polarização contínua
Como todas as pesquisas nos últimos anos, esta apontou uma polarização nítida entre democratas e eleitores de Kamala e republicanos e eleitores de Trump. Desse último grupo, 97,6% o aprovam, e apenas 2,4% desaprova. Entre quem sinalizou ela na cédula, 99,4% desaprovam e um impressionante total de zero aprova o novo governo – 0,6% não souberam dizer.
Entre eleitores registrados como republicanos, 95,2% gostou do que viu nos primeiros dias da Presidência e 4,5%, não. Do outro lado, 92% dos democratas afirmou que desaprovam das medidas tomadas, enquanto 7,6% aprovam. Entre os independentes, o índice de aprovação foi de 35,8% e de desaprovação, 64,1%.
O levantamento foi conduzido entre a terça-feira 21 e a quinta-feira 23, com base em 1.882 entrevistas. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Políticas específicas
A questão da imigração, um pilar da campanha de Trump, é a que mais divide eleitores.
Entre as primeiras medidas no campo estão estabelecer emergência nacional na fronteira sul, o que autoriza o redirecionamento de recursos para reforçar a segurança com tropas militares; desativar um aplicativo criado no governo Biden para encaminhar pedidos de asilo; autorizar batidas da ICE, a temida polícia de imigração, em santuários como escolas, igrejas e hospitais; classificar gangues urbanas como organizações terroristas no nível de Al-Qaeda e Estado Islâmico; e determinar que qualquer funcionário público ou policial que se recuse a cumprir as novas regras do cerco aos imigrantes ilegais seja afastado e processado.
Depois de tudo isso, 51% dos americanos, segundo a AtlasIntel, classificou como “excelente” a postura do novo governo em relação à imigração, 1% usou o rótulo “regular”, e 48% julgou as medidas como “terríveis”. Ainda assim, este é o tema em que ele é melhor avaliado: 51% se dizem a favor da prometida “deportação em massa”.
A pior avaliação vem na seara das salvaguardas à democracia: 52% afirmou que os primeiros dias foram “terríveis” neste quesito. A maioria da população também o avaliou com o mesmo rótulo nas áreas de meio ambiente (51%), desigualdade social (50%), combate à corrupção (51%), educação (50%) e saúde (50%).
Apesar das claras divisões entre a população, a pesquisa mostrou que os primeiros dias de mandato levaram a uma queda geral na aprovação de Trump na maioria das principais questões eleitorais. Os destaques dessa tendência foram vistos nas áreas de dívida nacional, onde houve queda de 20 pontos percentuais na avaliação positiva de Trump após ele assumir o cargo, e de impostos, com declínio de catorze pontos percentuais. Os cortes de impostos prometidos dependem da aprovação da Câmara e do Senado e um projeto nesse sentido está sendo elaborado.