Hoje, em tempo de bordões ao exagero e da gritaria cacofônica das redes sociais — condições de nosso tempo —, a voz calma e pausada do locutor Léo Batista soaria deslocada. Conhecido como a “voz marcante” dos programas de esporte, epíteto criado por um de seus colegas, ele esteve na origem e no crescimento de dois dos mais celebrados programas da TV Globo no país do futebol: o Esporte Espetacular, lançado em 1973, e o Globo Esporte, de 1978. Fez fama também ao antecipar os “gols do Fantástico” e a Zebrinha que cantava os resultados da Loteria Esportiva, na pré-história das bets. Antes de nomes como Galvão Bueno, foi o primeiro a transmitir corridas de Fórmula 1. Curioso e estudioso, começou a carreira no interior de São Paulo, antes de chegar ao Rio de Janeiro. Em 1954, pelo éter da Rádio Globo, anunciou o suicídio de Getúlio Vargas. “Eu não fiz a vida inteira narrar golzinho de futebol, fiz muita coisa importante”, riu, certa vez.
Em 1972, durante a Olimpíada de Munique, aplicou o tom preciso, a um só tempo reservado e emocionado, ao anunciar o atentado terrorista de membros da delegação de Israel pelo grupo terrorista palestino Setembro Negro. Com a morte de Cid Moreira, no ano passado, era o mais antigo profissional de jornalismo contratado pela Globo, dono de um “contrato vitalício”. Trabalhava na emissora carioca desde 1969, antes do tri de Pelé e cia. no México, que ele também narraria. Batista — nascido João Baptista Belinaso Neto — morreu em 19 de janeiro, aos 92 anos, no Rio.
No ritmo louco
![DANÇA NAS TELAS - Taylor-Corbett: nos passos de Footloose](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2025/01/GettyImages-563590971.jpg.jpg)
Let’s Dance! E atire a primeira pedra quem conseguir ficar parado ao rever uma das mais empolgantes cenas do filme Footloose — Ritmo Louco, clássico filme juvenil de 1984. Não dá mesmo para permanecer de pés no chão e braços estendidos quando o ator Kevin Bacon, no papel de Ren, algo desajeitado mas charmoso, sai por aí como se não houvesse amanhã, em um galpão vazio de um moinho, diante de um Fusca. Como, enfim, não se empolgar com a história do jovem da cidade grande que desembarca numa pequena cidade onde o rock fora banido por pais conservadores? Não daria certo, e não faria o imenso sucesso que fez, sem a coreografia imaginada por Lynne Taylor-Corbett. Vinda dos teatros da Broadway, respeitada antes e depois de Footloose (é dela o musical Swing!, de 1999), tinha um dom extraordinário. “Nunca consegui ser bailarina, mas levava jeito para a teatralidade e o movimento”, disse, sem falsa modéstia. Ela morreu em 12 de janeiro, aos 78 anos, mas a notícia só foi divulgada na semana passada.
Publicado em VEJA de 24 de janeiro de 2025, edição nº 2928