Um dos autores da denúncia que levou o MP da Bahia a abrir inquérito para investigar Claudia Leitte por trocar o nome da orixá Iemanjá por “Yeshu’a” (Jesus, em hebraico) ao cantar a música “Caranguejo”, o advogado Hédio Silva Jr. afirmou que “modificar referências sagradas em obras culturais reforça preconceitos e atenta contra a liberdade religiosa”.
Coordenador do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), o advogado aproveitou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, para pregar a defesa da honra das religiões de matriz africana e declarar que sua dignidade “não pode ser violada”.
A denúncia ao MP foi apresentada pelo Idafro e pela iyalorixá Jaciara Ribeiro, referência na luta contra o racismo religioso e filha de Mãe Gilda, que morreu em 21 de janeiro de 2000, depois de sofrer agressões verbais e físicas motivadas por preconceito religioso. A data do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é uma homenagem a ela.
O Ministério Público baiano vai promover uma audiência pública “para debater medidas preventivas no âmbito cultural, educacional e legislativo para garantir o respeito e a dignidade das comunidades afrobrasileiras, em especial os povos de terreiros”, na próxima segunda-feira, 27 de janeiro, às 14h, em sua sede no bairro de Nazaré, em Salvador.
Segundo a acusação do Idafro e de Jaciara Ribeiro contra Claudia Leitte, a substituição deliberada e reiterada de um termo culturalmente sagrado configura uma afronta às comunidades afro-brasileiras e ao patrimônio cultural protegido.