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Desmonte climático de Trump pode atrasar agenda global em 4 anos

O retorno de Donald Trump à Casa Branca aponta para uma nova era de desmonte das políticas ambientais e climáticas nos Estados Unidos. Em menos de uma semana, o republicano já retomou a linha de desregulamentação ambiental que marcou seu primeiro mandato. Entre 2017 e 2021, Trump revogou mais de 100 regulações ambientais, permitindo o aumento das emissões de gases de efeito estufa e enfraquecendo a agenda global de mitigação das mudanças climáticas. Agora, o futuro climático parece ainda mais incerto.

Trump reiterou seu compromisso com a expansão da produção de combustíveis fósseis, simbolizada pelo slogan “Drill, Baby, Drill” – uma clara intenção de promover a exploração desenfreada de petróleo e gás, em oposição ao movimento global de transição energética. Suas promessas incluem a revogação das políticas climáticas adotadas pelo presidente anterior, Joe Biden, como as metas para veículos elétricos e a adesão dos Estados Unidos ao Acordo de Paris. A retirada do país desse acordo, que visa limitar o aquecimento global, já havia ocorrido sob a liderança de Trump em 2017.

Especialistas climáticos estão preocupados com o impacto que essas ações podem ter em um cenário cada vez mais crítico. Em 2024, o mundo ultrapassou a marca simbólica de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, um limiar considerado perigoso para o equilíbrio ecológico do planeta. Especialistas alertam que as medidas do novo governo americano podem resultar em um retrocesso de até quatro anos na agenda climática global.

O diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Guimarães, ressalta que a saída dos americanos de iniciativas climáticas globais compromete o progresso nas negociações internacionais e enfraquece a cooperação necessária para reduzir as emissões. “A desidratação dos Estados Unidos em relação às metas climáticas é uma péssima notícia para o clima, para uma agenda já em atraso e com pouca ambição. E, no momento em que deveríamos aumentar essa ambição, cerca de 20% a 25% das emissões do planeta Terra, vindas dos Estados Unidos, saem da mesa de discussão”, diz.

Segundo ele, a responsabilidade de reduzir as emissões recairá ainda mais sobre países como a China e o Brasil, enquanto os Estados Unidos, um dos maiores emissores globais, permanecerão à margem das negociações.

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O governo argumenta que o aumento da produção de combustíveis fósseis é necessário para garantir a segurança energética e manter os custos de energia baixos e também vincula essa expansão a uma questão de segurança nacional, destacando a crescente demanda de eletricidade, impulsionada pela corrida tecnológica entre os Estados Unidos e a China, — especialmente no setor de inteligência artificial (IA). Doug Burgum, indicado por Trump para o Departamento do Interior, defendeu publicamente a produção de petróleo e gás como essencial para que os Estados Unidos mantenham sua competitividade na corrida armamentista de IA com a China.

Os impactos econômicos de uma nova administração Trump também devem reduzir o preço do barril de petróleo no mercado global. Em artigo, o economista Alexandre Manoel, do FGV/Ibre, estimou que a desregulamentação no setor de energia deve pressionar o preço do petróleo, potencialmente estabilizando o barril em torno de US$ 60. Esse movimento poderia beneficiar os americanos ao reduzir a inflação e aumentar a oferta de energia, mas traria repercussões negativas para os esforços globais de transição energética.

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