O ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta sexta-feira, 17, que estudou formas de questionar as eleições de 2022, mas “dentro da Constituição”. “Quando você perde a eleição, poucas pessoa ficam do seu lado. Eu falei: ‘Tem alguma maneira de questionarmos as eleições dentro da Constituição?’. E foi falado que, dentro da Constituição, o que se pode fazer é estado de sítio, estado de defesa, artigo 142 (da Constituição) e intervenção federal. Teve uma conversa sobre isso”, admitiu o ex-presidente.
As declarações foram dadas durante entrevista ao programa Os Três Poderes, de VEJA. “Eu não questionei as urnas eletrônicas a partir de 2019. Eu questionei desde 2012. Eu sempre questionei as urnas eletrônicas. E eu tinha direito, em um país democrático, de questionar.” No começo da entrevista, ele disse que “nenhum advogado” é preso por fazer uma petição — por isso, ele estaria protegido pela liberdade de expressão do debate democrático.
“É uma coisa estapafúrdia e inimaginável essa”, disse Bolsonaro sobre a suspeita de que ele seria o mentor da tentativa de golpe de estado. Bolsonaro e 36 aliados foram indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura uma tentativa de golpe de estado após sua derrota nas urnas.
O ex-presidente sofreu nesta quinta-feira, 16, mais uma derrota judicial. O ministro Alexandre de Moraes indeferiu o pedido dele de ir à posse do presidente eleito dos EUA Donald Trump sob o argumento de que Bolsonaro poderia fugir do Brasil. “Sou o representante da direita na América Latina”, disse Bolsonaro quando questionado sobre o assunto. “Eu não queria ir para os Estados Unidos como se estivesse indo para a festa do batizado de alguém. É o evento mais importante do ano para o mundo.”
Ele voltou a atacar o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator das suas investigações. “Se têm tenta certeza que sou ditador, por que não seguir o devido processo legal? Apenas um homem faz tudo. Ele escuta, ele julga, ele escala a Polícia Federal, ele escala quem vai ser o juiz da audiência de custódia, ele dá a pena, ele dá a entrevista, ele derruba páginas. O trabalho que ele fez enquanto presidente do TSE ao longo do processo eleitoral foi o de um parido político de esquerda”, disse Bolsonaro.