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O item cada vez mais essencial na decoração e arquitetura brasileira

A madeira é o material que definitivamente veio para ficar nos projetos imobiliários Brasil afora. Mais que uma tendência, é uma realidade que está presenta nas fachadas dos prédios, das casas, na decoração dos seus acabamentos e também na estrutura dos projetos. O Brasil tem a faca e o queijo na mão para desenvolver ainda mais o uso da madeira nos seus projetos de construção já que quase 60% do território nacional são de florestas naturais e plantadas.

Mas não basta ter a matéria-prima de forma tão vasta e próxima: é preciso também capacitar a mão de obra, se adequar às boas práticas do mercado e respeitar os limites que a legislação brasileira impõe. Esses são os maiores entraves do uso de madeira no mercado imobiliário, aliado também a um preconceito em associar o uso do material a um alto custo de produção.

Quanto mais se torna frequente o uso de madeira nos ambientes e projetos arquitetônicos, no entanto, mais essas dificuldades vão desaparecendo. Erich Kazuo Shigue, doutorando em arquitetura na Universidade de São Paulo (USP) é pesquisador do tema do uso de madeira na construção civil e acredita que as novas tecnologias da madeira e seu caráter sustentável têm aquecido o movimento de utilização desse material em todo o Brasil. A tese de mestrado de Erich, publicada no final de 2018, aponta que dois motivos principais impulsionaram a utilização de madeira no mercado: a capacidade de absorção de gás carbônico e o desenvolvimento de novas tecnologias. Junto com esses dois motivos, existe um movimento muito grande da arquitetura nacional em valorizar os elementos naturais e a identidade brasileira. Junto com a fauna e a flora local, a madeira tem o DNA nacional. Além disso, a cultura sustentável, com uso de madeira de reflorestamento, certificada e de demolição tem um forte apelo para a indústria imobiliária, trazendo uma atmosfera de responsabilidade ecológica e cuidado com o meio ambiente, pontos que podem ser decisivos na hora da compra de um imóvel.

Não basta muito esforço para ver o quanto o protagonismo da madeira nos empreendimentos residenciais é uma realidade, principalmente no mercado de alto padrão,  no qual as fachadas dos prédios são cobertas de madeiras e plantas, trazendo um ambiente muito mais agradável que a antiga selva de pedra que a arquitetura anterior trazia com seu seus concretos pesados e suas linhas retas. Hoje os prédios se erguem em meio a brises e revestimentos de madeira que vão além das fachadas e invadem o interior dos apartamentos, cobrindo as paredes e os tetos das unidades residenciais, dando uma sensação de aconchego e conforto.

O uso da madeira na construção tem diversas vantagens, como a diminuição de materiais industrializados e componentes químicos, caso seja um material proveniente de reflorestamento. Já a utilização de madeira de desmatamento é o oposto da sustentabilidade e, atento à esse tendência e ao perigo da extração inadequada de matéria-prima,  governo e empresas privadas vêm pegando pesado com legislação e práticas que dificultem e barrem o uso de madeira sem certificação adequada. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, desde 2009 passou a exigir a comprovação da origem legal das madeiras utilizadas pelas construtoras e empresas do segmento imobiliário que prestam serviço para a instituição. Alguns municípios exigem que a madeira usada na construção civil seja certificada para poder emitir o habite-se do imóvel.

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Outra vantagem é a facilidade de uso da madeira, que torna o sistema construtivo com diversas possibilidades de aplicação. O arquiteto Fernando Forte, o F do badalado e moderno escritório FGMF em São Paulo, ressalta que essa é uma prática antiga fora do Brasil que chega ao país com muita força e não apenas como uma moda passageira, mas como uma linha de trabalho que só tende a crescer. “O uso da madeira tem a ver com a sustentabilidade, sem dúvida, mas também com design e aparência e rapidez na construção. Uma soma de fatores que só traz beneficio ao uso desse material”, afirma.

O uso da madeira, porém, tem limitações. Uma delas é a altura dos prédios. No Brasil, os construtores ainda têm receio em construir prédios muito altos com madeira. Enquanto isso alguns países nórdico constroem edifícios com estrutura de madeira com diversos andares. Algo semelhante ocorre nos Estados Unidos. Por lá, há muitos  condomínios de casas todas em madeira — os americanos até estranham quando ouvem que, por aqui, seguimos apostando em paredes de alvenarias.

Outro limitador do Brasil, como bem aponta Fernando Forte, é o fato de que a madeira não pode ficar exposta totalmente — precisa ter proteção de beirais ou de vidro na para que as peças aguentem a amplitude térmica e fiquem imunes a fungos e bactérias que podem danificar ou prejudicar o material.

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A madeira que está mais em alta nos projetos urbanos e utilizada pelas principais construtoras é uma madeira laminada colada que é certificada de reflorestamento. As madeiras de demolição ou maciça fazem parte de um sistema mais antigo, que não tem como ser usado em uma escala maior. Por isso, acabam se restringindo a uso em projetos mais específicos.

Apesar de existirem mais vantagens que desvantagens, o preço da madeira ainda é uma questão a se considerar. Por ser um material mais nobre e cada vez mais valorizado nos projetos e presente no mercado de luxo, o preço ainda é salgado para boa parte da população. Mas com tanto investimento, novas tecnologias e mais empresas atuando nesse mercado, certamente o preço tende a ser reduzido num futuro próximo. Assim, veremos ainda mais prédios e casas com essa matéria-prima que é a cara do Brasil.

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