O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes rejeitou o pedido de devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para que ele possa viajar para os Estados Unidos (EUA) e participar da posse de Donald Trump.
Essa é a quarta vez que o Supremo nega a restituição do documento. Moraes seguiu o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que defendeu a recusa da solicitação, porque envolveria apenas um “interesse privado”.
Bolsonaro está com passaporte apreendido desde fevereiro, por determinação de Moraes, devido à investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. Ele foi indiciado neste caso em novembro, mas nega as acusações.
O documento foi apreendido pela Polícia Federal diante do avanço das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder, que teria envolvido o ex-presidente, aliados e militares próximos.
Em novembro do ano passado, Bolsonaro e mais 39 pessoas foram indiciadas pela PF por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Convidados simbólicos
Espera-se que a posse de Trump reúna uma espécie de “internacional da direita”. A lista, ainda em caráter informal, inclui principalmente aliados ferrenhos do republicano, a exemplo de Javier Milei, da Argentina, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, o húngaro Viktor Orbán e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, cujo polêmico expurgo de gangues criminosas atraiu denúncias de violações de direitos humanos.
Mas também conta com chefes de Estado que não tiveram boas relações com o país no passado recente, como o presidente da China, Xi Jinping. Até o momento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não recebeu convite.
Não é comum que presidentes de outros países participem da posse no Capitólio, sede do poder legislativo dos Estados Unidos. Na inauguração do atual mandatário, Joe Biden, por exemplo, estiveram presentes apenas ex-presidentes americanos, como Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama. Derrotado, Trump não compareceu ao evento, ao contrário do seu então vice, Mike Pence.
“Esse é um exemplo do presidente Trump criando um diálogo aberto com líderes de países que não são apenas aliados, mas nossos adversários e também nossos concorrentes”, disse à Fox News a porta-voz de Trump, Karoline Leavitt. “Ele está disposto a conversar com qualquer um e sempre colocará os interesses da América em primeiro lugar.”
A equipe de transição de Trump confirmou na quinta-feira, 12, que o republicano havia convidado o presidente chinês para sua cerimônia de posse. Pouco depois do anúncio, Trump disse durante um evento na Bolsa de Valores de Nova York que estava cogitando outros convites “arriscados”.